O livro Pensar Queer, retrata a história de um professor universitário africano e homossexual que luta constantemente pela aceitação por parte da sociedade, principalmente dos seus alunos. Assim o propósito deste livro é a sugestão de uma táctica para a mudança educativa que é uma educação que promove a igualdade de escolhas. Daí o nome do livro, Queer, significa diferente, algo estranho, algo de anormal. Mas ser Queer e pensar Queer, são duas coisas diferentes, não muito distantes, mas desiguais. Queer é a diferença que existe, neste caso, a homossexualidade, uma diferença que existe no género do ser Humano. Ter um pensamento Queer é aceitar todas essas diferenças; aceitar o que é estranho relativamente àquilo que são designados de padrões comportamentais tidos como normais pelas culturas dominantes. Deste modo, o objectivo deste livro centra-se numa solução baseada na transformação do espaço escolar num centro de ponderação, a fim de construir uma sociedade sem preconceitos. Tudo isto é possível, porque os alunos são dotados de meios para a compreensão ou para o conhecimento dos factos de transgressão visando contribuir para uma mudança política e social.
O capítulo Sétimo “Nutrindo Imagens, Paredes Sussurantes”, retrata as imagens que estão presentes no gabinete do professor universitário.
O texto fala-nos das imagens que fazem parte da decoração do gabinete de um professor universitário descendente africano que se assumiu como homossexual. Mas estas imagens simbolizam para o docente muito mais do que simples quadros, do que simples elementos de decoração para as suas paredes. São três imagens que lhe dão respostas e força para enfrentar a sociedade preconceituosa com a qual se depara e triunfar. As imagens ajudam ainda os próprios visitantes do seu gabinete a seguir as suas “pegadas” inclusive alunos e funcionários. “As imagens escolhidas (…) proporcionam aos visitantes uma linguagem visual das várias representações da identidade do ocupante”.
Uma imagem de duas crianças africanas abraçadas ombro a ombro, que denota toda a inocência que falta ao homem adulto; uma lésbica participante activa na cultura homossexual (Audre Lorde) e um activista dos direitos homossexuais (Marlon Riggs).
Nesta obra o autor fala de três imagens que estão expostas na parede do seu escritório, afirmando que é através delas que as pessoas ficam a saber um pouco dele. A primeira imagem é de uma lésbica participante activa na cultura gay, a segunda é um activista dos direitos homossexuais e por último a outra imagem evidência dois jovens de 5 anos descendentes afro-americanos abraçados ombro a ombro. As imagens explicam que a educação influenciará os comportamentos futuros, porque como refere o professor elas (imagens), partilham o tipo de sorrisos inocentes que poucas pessoas, que não as crianças, podem possuir. As duas primeiras imagens que referi ajudam a nutrir uma resistência progressiva no professor e nos outros que podem estimar, ou seja, os visitantes do gabinete (alunos, professores e funcionários).
“Vivemos numa sociedade onde a informação e cultura têm tratamento predominantemente visual.”
Esta citação tem muito que se lhe diga. Em certa parte resume o capítulo trabalhado pelo nosso grupo pois quando o professor expõe as imagens na parede, é com o intuito das pessoas que visitam o seu gabinete, sendo parte da sociedade, extraírem a informação necessária sobre a sua personalidade e sobre tudo aquilo que é realmente importante para o professor.
Há dois tipos de distinção entre as imagens, há as imagens figurativas e as imagens abstractas ou representativas e não representativas, segundo este artigo, as imagens figurativas ou representativas são aquelas que contêm a informação sobre os objectos, situações ou temas. Também há imagens abstractas ou não representativas, que são aquelas que facilitam a percepção, mas não “a percepção”. Cada imagem tem de passar a sua mensagem e convencer à sua maneira. Tal como esta citação diz: “São indivíduos com opiniões próprias que produzem essas imagens e revelam orientações subjectivas e únicas.” O professor era um indivíduo com estas características. O objectivo do professor era que as pessoas que entrassem no seu gabinete percebessem que não deveriam ter medo de assumir aquilo que são na realidade, pois assim não tinham de se sentir mal por andar a esconder a realidade e a sociedade a partir disso ia começar a aceitar a diferença até que a expressão “diferente” deixasse de existir por completo.
As imagens que o professor tinha no seu local de trabalho, nomeadamente na parede, eram imagens que revelariam a sua orientação sexual.
Eles expôs para que outros professores e alunos deixassem de assumir um comportamento preconceituoso, levou-os a aceitar e a lidar com um comportamento “diferente”; por sua vez, esta acção, leva a que os próprios homossexuais se possam libertar e assumir o que realmente são sem medo de serem julgados.
O professor, demonstra ainda, um certo receio de comunicar e verbalizar a sua orientação sexual, então através das imagens ele expõe o seu medo de falar. Mas não tem medo de expor o que realmente é.
Se formos avaliar a vitória deste professor universitário é no fundo facto de conseguir publicar um artigo no qual retrata um pouco da sua vida, onde diz ser um professor de uma universidade, homossexual e africano. Apesar de todos estes supostos "entraves" perante a sociedade, venceu na vida.
Referência Bibliográfica: Susan Talburt & Shirley R. Steinberg (Orgs.). Pensar Queer: sexualidade, cultura e educação. Mangualde: Edições Pedagogo, pp.162-173